quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Com azulejos e piso preservados, casa famosa abre portas para Morar Mais 2015

O melhor da Morar Mais 2015 não é a grande inovação ou a incrível criatividade dos arquitetos que assinam os projetos. Mostrada há uns dias atrás à imprensa, o que existe de formidável na mostra é o passado.

Instalados no número 4179 da famosa avenida Afonso Pena, conhecido como “a casa do Pedrossian”, os locais com proposta de valorizar modelos sustentáveis e baratos de conforto despertam um grande apreço realmente especial por destacarem lembranças muito antigas de um imóvel que foi símbolo de poder nas décadas de 70 e 80.
Os originais azulejos brancos e azuis que estavam por todo o grande imóvel continuaram em quase todas as 38 áreas, assim como o piso de cerâmica, o que geralmente seria descartado em uma reforma.
Os arquitetos lixaram, enceraram, descascaram paredes, limparam diversas peças engorduradas, recuperaram aquelas que estavam encardidas, valorizaram pedras e assim preservaram a forte alma do imóvel histórico, de mais de quarenta anos e com 1,7 mil metros quadrados, assinado por Avedis Balabanian.
Na entrada principal, a enorme porta de ferro foi pintada de vermelho. No Deck Belas Artes, o descascar de uma parede mostrou a raiz da figueira presa aos tijolos do muro vizinho. São alguns vestígios expostos com uma velhice extremamente inspiradora.
Logo de cara, duas áreas assinadas por Luis Pedro Scalise também exibem peças totalmente originais do imóvel, inseridos na cenografia que já é tradição do arquiteto. A sala de estar virou um grande pátio português, com a lareira e a escada de ferro, as duas dos anos 70, completamente inseridas na atmosfera proposta pelo profissional. “Decidi voltar à época de distribuição de chás, lá por 1470, antes mesmo do descobrimento do Brasil”, diz.
Para a viagem no tempo, ele trouxe um lindo chafariz e imensa vegetação. Raízes de orquídeas ficam à mostra, penduradas, como diversas plantas de infusão distribuídas em volta da lareira de pedra, como se fazia tempos atrás ao redor dos fogões em Portugal. Até um aqueduto foi reproduzido em gesso acartonado, para remeter à arquitetura portuguesa.
Luis Pedro realmente gosta dos detalhes. Com isso, guardou saquinhos de chás e os utilizou como base para a arte emoldurada na parede. Para a linda sala de jantar, trouxe Nossa Senhora de Fátima e a louça rebuscada de uma família clássica.
As antigas janelas do prédio onde viveu a família Pedrossian são elementos em destaque por toda a mostra, são a identidade que resiste em cada projeto.
Na Cozinha Gourmet, elas tiveram os vidros repostos, com colorido personalizado. O trabalho mais cansativo foi para reutilização de 460 azulejos, garimpados em outros cômodos e que voltaram à ativa depois de limpeza manual, um a um. No teto, eles surgem como adesivos.
O piso ganhou uma pintura epoxi e ficou com linda aparência de porcelanato. Nas bancadas da pia e dos armários, os arquitetos experimentaram dois grandes tipos de revestimento em tons azuis. O de alumínio (cerca de R$ 100,00 o m²), com acabamento ideal, e a lona (R$ 70,00) de resultado e durabilidade inferiores, mas com preço mais baixo.
Os vitrais também se encontram no alto da cúpula, agora pintada com tinta automotiva e glitter, para receber um lustre enorme, de 60 braços e que demorou 10 longas horas para ser colocado. A torneira que ficou no espaço identifica a área que antes era a sala de almoço, e contrasta com a mesa feita de vergalhão de obra e o aparelho de TV de 47 polegadas, camuflado por um espelho que só aparece quando o equipamento está desligado.
Pátio Português, com a escada que já está lá há mais de 40 anos.
Fonte: Campo Grande News

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